O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi vaiado durante a abertura da Marcha dos Prefeitos, realizada nesta terça-feira (20), em Brasília. Esta é a segunda vez consecutiva que o presidente enfrenta manifestações no evento.
As vaias ocorreram em pelo menos três momentos: na entrada de Lula no palco, no início de seu discurso e ao final da fala, durante os agradecimentos. O presidente não comentou as reações. Ministros presentes tentaram conter parte das manifestações, mas Lula seguiu o protocolo da cerimônia.
A Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios é organizada anualmente pela Confederação Nacional de Municípios (CNM). Nesta edição, segundo a entidade, mais de 14 mil pessoas se inscreveram, número superior ao total de municípios brasileiros.
Durante o evento, o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, fez críticas à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a obrigatoriedade de transparência na liberação de emendas parlamentares. Segundo ele, a medida compromete o processo de articulação política nos municípios. Ziulkoski afirmou que deputados “não podem ser obrigados a explicar o projeto”.
Em resposta, Lula mencionou o presidente da CNM sem citar diretamente sua atuação em gestões anteriores. Afirmou que Ziulkoski “voltou a ser o velho Paulo Ziulkoski, com um discurso mais contundente”, e defendeu que o tom adotado representa os interesses dos prefeitos.
Durante o discurso, Lula também destacou o papel do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Disse que cabe a ele organizar o funcionamento das articulações internas do governo e que os demais ministros devem se reportar a ele. O presidente chamou Rui Costa de “o mais bem-sucedido governador da Bahia”.
A fala ocorreu na semana seguinte a uma crise interna após declarações da primeira-dama Janja da Silva durante viagem à China. Rui Costa foi citado por colunistas como responsável por vazamentos que irritaram o Palácio do Planalto. O ministro não comentou oficialmente, mas classificou os rumores como “traição” e “fogo amigo”.
Lula participou do evento ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do líder do Republicanos na Câmara, Hugo Motta (PB). O presidente tem comparecido à Marcha desde o início de seu terceiro mandato.