O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), figura como sócio, desde 2022, do empresário Samuca Silva Franco, alvo de busca e apreensão na terceira fase da Operação Overclean. Segundo a Folha, a investigação, conduzida pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União, apura um esquema de desvio de verbas públicas, corrupção e lavagem de dinheiro com recursos oriundos de emendas parlamentares.
Samuca Franco é suspeito de ter recebido valores de empresas de fachada envolvidas no esquema. Segundo a PF, ele movimentou ao menos R$ 573 mil entre 2022 e 2024, por meio de transações com as empresas investigadas BRA Teles Ltda. e FAP Participações Ltda., que teriam emitido notas fiscais frias por serviços fictícios.
Além da sociedade empresarial, a proximidade pessoal entre Bruno Reis e Samuca já foi exibida em vídeos de eventos privados, onde o prefeito se refere ao empresário como “irmão” e destaca o contato frequente entre ambos.
Bruno Reis tornou-se sócio da SPE Vento Sul Empreendimentos Imobiliários Ltda em maio de 2022, adquirindo 10% das cotas por meio da BB Patrimonial, empresa familiar. Segundo registros na Junta Comercial da Bahia (Juceb), o investimento foi de R$ 60 mil em um projeto de loteamento imobiliário em Ilhéus, no sul do estado.
Em nota, a assessoria do prefeito afirmou que o negócio é “estritamente privado, sem qualquer relação com o setor público ou com atividades políticas”. A SPE atua na incorporação e loteamento de imóveis, além da construção e administração de bens próprios.
A Operação Overclean
Deflagrada em dezembro de 2023, a Operação Overclean já realizou dezenas de mandados de busca e apreensão e resultou na prisão de figuras ligadas ao setor público e ao União Brasil, partido de Bruno Reis e do ex-prefeito ACM Neto, de quem é afilhado político.
A terceira fase, realizada em 3 de abril, também levou ao afastamento do secretário de Educação de Belo Horizonte, Bruno Barral, ex-titular da pasta em Salvador. A investigação aponta que o grupo criminoso teria desviado cerca de R$ 1,4 bilhão em contratos fraudados, envolvendo recursos do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), órgão ligado ao Ministério da Integração.
Entre os nomes citados na investigação está o deputado federal Elmar Nascimento (União-BA), o que levou o caso a tramitar no Supremo Tribunal Federal (STF), sob relatoria do ministro Kassio Nunes Marques. O conteúdo segue em sigilo.
A defesa de Samuca Silva Franco ainda não se pronunciou.