A Polícia Federal (PF) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) áudios do agente Wladimir Matos Soares, policial federal acusado de integrar uma trama golpista para manter Jair Bolsonaro (PL) na presidência.
Nos áudios, ele afirma que havia um grupo armado pronto para agir contra a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), inclusive “matar meio mundo” para impedir a transição de poder.
Segundo o Valor, as mensagens, extraídas do celular de Soares, foram entregues à Corte na última quarta-feira (14). O conteúdo integra a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra 12 integrantes do chamado “núcleo três” da suposta tentativa de golpe. A análise do STF está prevista para a próxima terça-feira (20).
Soares, que atuava na segurança do Palácio do Planalto, teria repassado informações da agenda de Lula a outros acusados. Em um dos áudios, ele afirma que aguardavam apenas uma “canetada” de Bolsonaro para agir, mas que o plano foi frustrado após o Exército recuar.
“O presidente deu para trás porque, na véspera de agir, foi traído pelo Exército. O PT comprou esses generais”, diz o agente, que também menciona a intenção de prender ou assassinar o ministro Alexandre de Moraes, do STF. “Tinha que ter cortado a cabeça dele ali”, declarou, referindo-se a uma decisão de Moraes de 2020 que impediu a nomeação de Alexandre Ramagem à direção da PF.
A corporação também aponta que Soares participou da elaboração do plano intitulado “Punhal Verde e Amarelo”, que incluía ações violentas contra Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o próprio Moraes. Os dados periciados em seus celulares revelam mais de 1,1 milhão de mensagens trocadas em quase 2 mil conversas.
Segundo os investigadores, Soares demonstrava frustração com a decisão de Bolsonaro de deixar o país antes da posse de Lula. “Ele com medo foi embora, tentar esfriar as coisas. […] A gente estava preparado para isso, inclusive, para prender o Alexandre de Moraes”, afirmou.
As mensagens também indicam que sua esposa, Vanessa Isac Monteiro de Oliveira, também agente da PF, participou ativamente dos protestos golpistas em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília.
A PF ainda apontou menções ao general Garnier Santos, citado como o único oficial das Forças Armadas que teria apoiado integralmente o plano. Os demais, segundo Soares, “viraram o corpo”.
A denúncia contra os 12 acusados do núcleo operacional inclui crimes como tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, associação criminosa e incitação ao crime.