Apesar das promessas de recomposição, o orçamento discricionário das universidades federais permanece abaixo dos níveis registrados antes da pandemia, nos governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL). Esse tipo de verba cobre despesas básicas, como contas de água, luz, segurança, internet, manutenção e materiais de uso cotidiano. Também inclui o pagamento de auxílios a servidores.
Dados do centro de estudos SoU_Ciência mostram que, mesmo com alta nos valores liquidados em 2023 e 2024, os recursos efetivamente disponíveis para o funcionamento das universidades seguem menores do que entre 2016 e 2019, considerando a inflação do período. Em 2016, as instituições utilizaram R$ 6,7 bilhões. Em 2019, foram R$ 5,5 bilhões. Em 2024, esse valor ficou em R$ 5 bilhões.
O Ministério da Educação afirma que trabalha para recuperar o orçamento das universidades, que teria sido reduzido entre 2016 e 2022. Mesmo assim, neste ano, um decreto presidencial determinou o fracionamento dos repasses mensais às instituições, que receberão apenas 61% dos recursos até novembro. O restante foi prometido para dezembro, o que levou diversas universidades a anunciar dificuldades para manter atividades básicas.
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A situação da infraestrutura também preocupa. Em 2024, os gastos com obras, veículos e equipamentos somaram R$ 162 milhões, segundo menor valor desde 2000. A UFRJ, por exemplo, teve aulas canceladas por conta de problemas estruturais e acumula obras paradas. Um pacote de R$ 5,5 bilhões anunciado pelo governo em 2023 foi, em grande parte, formado por recursos já previstos anteriormente.
Na assistência estudantil, o valor liquidado em 2024 ainda é inferior, em termos reais, ao registrado em 2015, apesar do aumento no número de estudantes. Para pesquisadores e especialistas, a recomposição orçamentária tem avançado, mas ainda em ritmo insuficiente para garantir o funcionamento pleno das instituições e a expansão da rede federal prevista nos planos do governo.