Nomeado para melhorar a imagem do presidente Lula, o secretário de Comunicação (Secom), Sidônio Palmeira, se tornou um dos principais conselheiros do Planalto. Com despachos quase diários com o presidente da República, o publicitário baiano tem atuado na gestão da crise do escândalo dos descontos indevidos no INSS, influenciando até decisões governamentais. Sua presença é constante na agenda de Lula, incluindo reuniões no Alvorada em fins de semana e feriados.
Logo após assumir, Sidônio foi decisivo na revogação de uma norma da Receita que ampliava a fiscalização sobre transações via Pix acima de R$ 5 mil, derrotando o ministro Fernando Haddad. Antes mesmo de entrar no governo, ele participou da concepção do pronunciamento em que Haddad anunciou a isenção do IR para rendas de até R$ 5 mil — medida que pegou o ministro de surpresa e causou turbulências no mercado. Apesar do impacto negativo, sua influência só cresceu.
De acordo com reportagem de Catia Seabra para a Folha de São Paulo, na crise do INSS, Sidônio coordenou a resposta do governo após a operação da PF e da CGU que investigou descontos ilegais em benefícios. Em reunião de emergência, ele orientou ministros a destacar que a ação era uma iniciativa do governo para proteger aposentados e que as entidades sob investigação haviam sido credenciadas na gestão Bolsonaro. Também sugeriu que o então presidente do INSS fosse demitido durante a coletiva, mas o ministro Carlos Lupi resistiu, defendendo o servidor.
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Nesta quinta (25), Sidônio liderou uma nova coletiva para anunciar a restituição dos valores descontados indevidamente, buscando controlar a narrativa. O governo tenta minimizar o desgaste, enfatizando que os afetados são uma minoria. Antes, o publicitário já havia atuado para conter crises, como a suspensão do crédito do Plano Safra. No entanto, aliados temem que seu protagonismo em decisões estratégicas atrase agendas da Secom, como a licitação para comunicação digital, prevista apenas para novembro.