A guerra eclodiu no Sudão em abril de 2023 entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF) e as Forças de Apoio Rápido (RSF), um grupo paramilitar que já foi apoiado pelo Exército, mas agora concorre com ele para controle. Esse conflito recebeu muito menos atenção do que os de Gaza, Ucrânia ou desenvolvimentos recentes na Aliança Transatlântica.
Em 14 de novembro de 2024, pelo menos 61.000 pessoas foram mortas no estado de Cartum, com 26.000 dessas mortes diretamente atribuídas à violência. O recente impulso do Exército Sudanês em Cartum não marca o fim do conflito, pois o general Abdel Fattah al-Burhan, chefe do exército, não demonstrou interesse em negociações de paz. As ações do Exército também estão contribuindo para a instabilidade, não apenas no Sudão do Sul, mas também no Chade e nos países vizinhos, desestabilizando ainda mais uma região já volátil.
No ano passado, o Escritório de Direitos Humanos da ONU relatou inúmeros ataques do Exército Sudão, levando a baixas civis. Especialistas da ONU também destacaram relatos perturbadores de execuções sumárias, particularmente de jovens.
A comunidade internacional deve intervir
Os assassinatos horrendos, execuções e massacres no Sudão devem ser motivo suficiente para terminar a guerra, mas as implicações do conflito vão muito além disso. Sua intensidade forçou milhões a fugir dentro e fora do Sudão, países vizinhos esmagadores que estão lutando para lidar com o afluxo de refugiados. Um Sudão desestabilizado também cria condições favoráveis para o extremismo subir, potencialmente arrastando países vizinhos como a Etiópia e a Eritreia para o conflito.
A instabilidade do Sudão está fornecendo terreno fértil para grupos jihadistas no chifre da África e no Sahel para estabelecer redes e coordenar operações em fronteiras porosas.
A continuação da guerra terá consequências para a Europa, que é relativamente próxima da região. A violência no Sudão poderia obstruir passagens marítimas críticas, interrompendo o fluxo de mercadorias entre a Europa e a Ásia, particularmente o comércio global de petróleo marítimo, que colocaria em risco a segurança energética global. A guerra no Sudão também é importante para a Europa devido ao potencial de uma crise humanitária à sua porta.
O que a Europa pode fazer?
Em tempos de grande turbulência geopolítica, a UE deve reconhecer que a guerra no Sudão tem implicações profundas para todos os seus países membros, com atores poderosos como EUA, China e Rússia envolvidos. Ganhar uma posição e garantir a paz no Sudão é crucial para os interesses e a segurança da UE. A conseqüência mais imediata da continuação da guerra provavelmente será uma crescente crise demográfica à porta da Europa.
Mobilizar mais fundos para ajuda, especialmente porque os Estados Unidos reduzem sua assistência internacional, é crucial para conquistar corações e mentes. A UE deve levar seu papel como mediador a sério e criar uma estrutura para negociações de paz. Resolver essa crise humanitária é uma necessidade absoluta. Se deixado sem solução, pode se tornar um dos maiores passivos de segurança da Europa.
A comunidade internacional também deve expandir o apoio à sociedade civil do Sudão. O fortalecimento da sociedade civil é essencial para acabar com a guerra e garantir uma paz durável. Uma forte sociedade civil poderia oferecer uma alternativa viável às facções em guerra e ajudar a orientar o Sudão a estabilidade duradoura.
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